terça-feira, 24 de março de 2015

A Indústria Cultural

Escrito pelo Diretor do Grupo Projetar Roberto Guimarães.

A Indústria cultural continua agindo na sociedade atual. Um dos aspectos que têm sido mais explorados por essa indústria refere-se à manutenção das condições de dominação pela disseminação da ideia do consumo como forma de realização pessoal. Um dos mecanismos que garantem a continuidade da ordem capitalista é o consumo, e, com a expansão desse sistema, a velocidade do consumo precisa ser aumentada constantemente para não levar as empresas ao colapso. Para tanto, faz-se necessário alterar o conceito a partir do qual os consumidores enxergam a necessidade, tornando necessário tudo o que o desejo puder conceber instantaneamente e sem razão aparente.

Cada vez mais aspectos da vida estão sendo substituídos por produtos como consequência dessa alteração de visão: as propagandas divulgadas na TV aberta "Venha na empresa XXX e escolha o seu final feliz!" e "Você já pode dizer EU TE AMO a partir de R$19,90" são apenas alguns exemplos disso. Outro aspecto que tem sido bastante explorado é a necessidade de mostrar a ordem vigente como bem-sucedida, boa, enfim, a única em que se pode viver bem, de forma a não podermos - nem tentarmos - fugir de seus mecanismos. É importante, então, que até nos momentos de descanso o indivíduo seja inundado com reflexos dessa ordem, o que torna mais fácil sua adequação a ela. Por exemplo, há muitos filmes em que os mocinhos são os ordinários funcionários de uma empresa capitalista, ou em que algum problema reculta do ato de sair da rotina de trabalho. Outros exemplos podem ser vistos nas músicas ligeiras, de estruturas rítmicas, melódicas e harmônicas simples, com o intuito de estimular nada além do conforto e da lógica da rápida substituição. O "salto para o indefinido" ou o contato com aquilo que não é ordenado e controlável, que podem resultar das mais diversas formas de arte, como nas músicas complexas, é visto como ameaçador, pois encoraja o questionamento e superação da própria ordem alienante. O resultado disso é a tendência à redução das obras culturais ou das comunicações de massa ao que condiz com o objetivo do sistema vigente, à custa do próprio desenvolvimento cultural da humanidade.

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